A mobilização dos internautas que queriam ver uma reportagem sobre a Jornada Mundial da Juventude no Jornal Hoje alcançou 25.000 participantes. No entanto, o clamor popular foi solenemente ignorado pelo jornal: seu perfil do Facebook afirmou hoje que o quadro não faz cobertura de eventos específicos, mas trata somente de «temas abrangentes, que geram discussões e dúvidas».
Ao invés de abordar o assunto escolhido pela acachapante maioria dos que responderam à pergunta lançada em primeiro de janeiro, o jornal preferiu lançar uma enquete anódina com os seguintes temas: “Drogas”, “Violência”, “Consumismo”, “Independência” e “Fãs e tietagens” – os «temas mais sugeridos na última semana».
O que dizer? Decerto o jornal tem todo o direito de escolher o tema que quiser para apresentar em seu quadro. Mas é bem deselegante perguntar um tema para os usuários do Facebook e, depois, ignorá-los completamente. Oras, se não queria saber, não perguntasse. Se havia restrições de temas, que isso fosse avisado no começo. O que fica feio é esperar que dezenas de milhares de pessoas sugiram um tema para, na semana seguinte, dizer “ah, isso não pode ser, sinto muito”. É uma baita falta de respeito para com essas pessoas que se deram ao trabalho de responder ao que foi perguntado.
Também a desculpa usada soa (para dizer o mínimo) estranha. Um “evento específico” pode muito facilmente ser transformado em um “tema abrangente”, bastando um pouquinho de boa vontade. “Jornada Mundial da Juventude – Rio 2013″ poderia facilmente se transformar em “Religiosidade dos jovens”, “Igreja Católica e juventude” ou até mesmo – para ficar na moda – “Estado Laico e visita do Papa: o que pensam os jovens brasileiros?”. Enfim, a impressão que fica é que não se queria falar de religião e nem muito menos de Catolicismo.
O que – repitamos – é uma abordagem perfeitamente legítima, contanto que fosse dita claramente e desde o princípio. No fim das contas, esta mudança de regras no final do jogo pegou muito mal. O Jornal Hoje poderia ter aproveitado a enorme audiência auto-apresentada no Facebook para fazer um programa direcionado para ela; mas preferiu sair pela tangente e frustrar os anseios de todos os internautas que sugeriram a JMJ para o quadro do telejornal. Que pena!
Informações: Jorge Ferraz
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