Lomadee

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Coluna: Conversando com a mãe Dilma, por Silveira Rocha

Olá mãe Dilma! Tudo bem?

Pois é, ainda bem que o Papa já foi embora em paz. Sim, eu também estava morrendo de medo desses manifestantes errarem um rebolo na senhora a acertarem nele. Ave mãe seria uma zorra na imprensa internacional para mais de um mês. Se uma bolinha de papel atirada na cabeça do Serra quase cai um pedaço do mundo, dirá um ovo na cabeça de um papa.

Será que a senhora ainda estará na Presidência quando o Papa voltar aqui em 2017? Então a senhora acredita mesmo na reeleição, né? Ah, entendi, a senhora está se baseando no que o Papa falou sobre Lázaro, que estava morto há três dias e ressuscitou. Saiba, porém, que Lázaro não era político, e que naquele tempo não existia o Ibope.

Ei, estão falando por aqui que o pãozinho vai aumentar. A senhora vai deixar? Sim, é o aumento do trigo importado. Eu não sei porque a gente não tem trigo, não tem arroz, não tem feijão, ave, a gente não tem quase nada. Aliás mãe, neste país só tem muito é ratinho da peste, sim, os gabiruzinhos de paletó e gravata. Eu me lembro de quando a professora ficava dizendo que ‘o rato roeu a roupa do rei de Roma’. Se o rato fosse brasileiro ela diria assim: o rato roubou a roupa e o relógio do rei de Roma.

Mãe, o povo de Sobral está perdendo a paciência com a violência. Aqui tem tanto ladrão, que a gente quando sai de casa tem logo que separar o dinheiro das compras e do roubo. Se for viajar pelas CE’s, tem que levar também a gorjeta dos guardas, senão fica preso na estrada. Ora mãe, aqui tem mais ronda do que quarteirões, mas não dá jeito. Estou vendo a hora os bandidos amarrarem um cordãozinho no para-choque dianteiro das viaturas e saírem puxando-as, assim como a gente fazia com nossos carrinhos, correndo e gritando: bi-bi-te.

Mãe, a senhora está abrindo demais a mão. Todo dia são uns bilhões, aqui, outros bilhões ali, e a gente não vê nada melhorando. É o velho ditado: quem atira com a pólvora alheia não faz pontaria em cabeça de calango. Tem gente chamando à senhora de viúva rica do finado Brasil. Claro que é brincadeira, pois o Brasil sequer deu entrada em hospital do SUS, dirá ter morrido.

Já que estávamos falando em saúde, a senhora vai acabar cedendo à pressão dos médicos do Brasil, né? Mãe, não pegue corda não. Nosso país está sem médicos. Tem gente que leva meses para conseguir uma consulta, anos para conseguir um exame, e quando sai o laudo a pessoa só sabe o resultado no outro mundo. Nossa saúde e mais lerda do que a justiça e as filas dos bancos. Sim, traga cubanos, jamaicanos, africanos, indianos, massapeenses, meruoquenses, seja lá de onde for, mas traga, pois a dor é grande.

O Hospital Regional de Sobral é tão grande que a gente passa um dia inteiro procurando médicos nele e não acha. Consulta por lá virou foi brincadeira de esconde-esconde, em que a gente não acha o médico e ele não vê a gente. 

Bom mesmo aqui é que a Prefeitura estendeu a licença-maternidade das servidoras do município de seis para oito meses. Agora as crianças saem do peito direto para a escola, e não serão mais chamados de recém-nascidos e sim recém-crescidos.

Bem, mãe, o papo está muito bom, mas agora eu tenho que desligar, pois meus créditos estão acabando. A coisa está feia, tão feia que quando se sai da extrema miséria e chega à linha da pobreza, o metrô esmaga a gente. Falando em metrô, a senhora sabe quando o de Sobral será inaugurado? Faz tanto tempo que os trens estão aqui, que eles eram verdes e agora estão ficando amarelos. Será que estão amadurecendo mãe?

Até a próxima. Dê um grande abraço no padrinho Lula e diga a ele que eu não vou mais mandar as avoantes dele, pois o Ibama está muito atento, prendendo os caçadores e cobrando multas mais caras do que as do TRE. Grande abraço, mãe Dilma.

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